A vida é um conjunto complexo de sucessivas decisões. Cada uma dessas decisões, sejam ações ou omissões, trazem consequências e responsabilidades. O que aflige boa parte das pessoas, inclusive a mim, é de que forma decidir, como saber qual é o “certo” a se fazer.
Eu sempre ouço do meu Si Fu, mestre Julio Camacho, a ideia de situações adequadas, ao invés de “certo” e “errado”. Dependendo das circunstâncias, o que é considerado “correto” pela generalidade não é o adequado para aquela ocasião.

Nós, praticantes de Ving Tsun, estamos diante de inúmeras decisões durante a prática marcial e cada movimento impensado gera uma conseqüência. Claro que no Mo Gun (espaço de luta), o combate é simbólico; contudo, na realidade, um deslize separa a vida da morte.
Essas reflexões sobre tomada de decisões estão sempre presentes para mim, sobretudo no momento atual de prática. Enquanto faço o Chi Sau (“mãos aderidas”), estou diante de infinitas possibilidades para acessar o espaço do outro, o que requer observação, humanidade e uma resolução. Antecipar ou retardar um movimento, por mais insignificante que se pense, pode ser “fatal”.

Isso me faz lembrar de uma conversa que tive com meu Si Fu. Ele me contou sobre a origem da palavra fácil, que vem do latim e significa fazer. Então, disse ele, por conclusão, a ideia de difícil é algo que não dá para ser feito. Você só sabe se algo é fácil ou difícil se você realmente faz. Um julgamento a priori não te dá condições de análise.
Para mim, tomar decisões é ainda um processo difícil, mas se eu sei disso é porque eu faço decisões. A partir das minha falhas, eu aprimoro minha prática e, por sequência, meu Kung Fu.