Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
(Antoine Saint-Exupéry)
Aqui é um relato vindo do coração.
O mesmo coração que tanto foi comentado na noite de ontem, na aula introdutória sobre o Siu Nim Tau, o primeiro domínio do Sistema Ving Tsun. De um coração que aceitou o convite do Si Fu para ingressar à Família Moy Jo Lei Ou, há quase quatro anos.
Voltar aos fundamentos do Sistema Ving Tsun é uma oportunidade especial para todos aqueles que desejam se aprofundar e (re)conectar com o desenvolvimento das próprias capacidades. No meu entender é, sem dúvidas, um dos maiores eventos do nosso Clã em 2020.

A proposta do projeto “Desvendando” já se encontra no próprio vocábulo, como versa meu Si Fu: através do estudo minucioso da Trilogia Fundamental do Sistema Ving Tsun (Siu Nim Tau, Cham Kiu e Biu Ji), tirar as vendas que atrapalham nossa percepção sobre o Kung Fu. Ver o que de fato as coisas são, sem preconceitos, fábulas ou distorções. E, se o que é a essência, por vezes, encontra-se no invisível das nossas questões e inquietações pessoais, trazer o que há de mais autêntico de nós mesmos é possível através do olhar pelo coração.
Compreender o significado do Siu Nim Tau (小念頭), por meio da listagem de movimentos ou pela análise dos ideogramas que compõe o termo, é importante; contudo, não somente. O que meu Si Fu trouxe ontem, ao falar das impressões do Si Taai Gung, Patriarca Moy Yat, e das suas próprias, é a possibilidade de nós, praticantes, encontrarmos nossa autenticidade através da prática frequente do Siu Nim Tau. Dessa forma, trilhar pelo “início da ideia”, um das interpretações do domínio, é buscar o desenvolvimento constante: lembrar suas experiências, atualizá-las às circunstâncias e não impor a sua vontade.

Uma das grandes qualidades de meu Si Fu é essa capacidade de “atualizar o coração”(Nim – 念), trazida pelo Siu Nim Tau. Sem distinção, ele se coloca a ouvir o que cada um de nós tem para ser dito, inclusive nossos silêncios. Acredito que essa é uma das grandes lições cotidianas que ele nos oferece: faça o Siu Nim Tau. Sempre.

Eu comecei esse relato de experiência falando de coração. Que, ao longo dessa grande jornada na vida Kung Fu, o meu desejo se reduza a tão somente estar mais próxima do meu Si Fu. De coração para coração. Sigamos!